Avaliando coletivamente o percurso

Levar a sério a idéia de que nosso curso é também uma experiência de investigação prática sobre o laboratório do comum, significa contrastá-lo em suas várias dimensões (atividades em sala, leituras, trabalho extra-sala, dinâmicas etc) ao princípio ético-político do Comum.

Chegamos ao ponto médio do curso. E decidimos fazer uma balanço do que aprendemos e produzimos até aqui, e quais sao as atividades, resultados e desafios que se apresentam daqui até o final do curso, tendo em mente o que havíamos inicialmente planejado.

Nos ultimos três encontros passamos a realizar trabalhos em grupo e a construir o que seriam os percursos de pesquisa de cada sub-grupo que fora formado. Nós (Henrique e Alana) vinhamos analisando o material produzido a cada aula pelos grupos e também refletindo sobre a dinâmica que vinha acontecendo em aula.

Desde a criação dos sub-grupos sentíamos que havia algo que não estava bem resolvido. Saimos daquela aula em que levou à criação de grupos de trabalho, com uma sensação de que não havíamos habitado pra valer (com o tempo e condição necessária) o problema da criação de grupos. Mas decidimos seguir em diante, pois o programa e o tempo da disciplina indicavam um necessário cronograma de execução.

As discussões em sala seguiam bem, o clima em sala é bom, a indicação dos textos e leituras também estão “funcionando”, mas a realização das atividades em grupos (tanto na sala como fora dela) enfrentam problemas diversos, desde questões ordinárias relativas à ausência de alguns alunos em certos dias, até o desencontro entre a cultura de trabalho em grupo instituída e uma nova prática proposta. Também estávamos com a sensação de que experiências e discussões importantes estavam se perdendo no processo. A documentação não está sendo capaz de narrar parte relevante dos aprendizados. A análise dos trabalhos enviados pelos estudantes, produzidos entre os encontros, foi um bom sensor para nossa reflexão.

Fosse um curso habitual o trabalho dos estudantes seria analisado como o resultado/avaliação dos estudantes, um índice do aprendizado do que está sendo ensinado. Em nosso caso, isso não fazia o menor sentido. Somos coletivamente responsáveis pelo que está acontecendo em sala, a produção de conhecimento é uma relação entre sujeitos interdependentes. Por isso a importância de avaliarmos coletivamente o que estamos fazendo.

Convidamos para o sétimo encontro a facilitadora-mediadora-pesquisadora (Ana Letícia Silva), para realizar uma atividade conosco em sala. Nos reunimos antes com ela pra discutir a situação do curso e construimos uma atividade que seria desenvolvida em sala. Mas a decisão de realizar essa atividade implicava em assumir alguns riscos e a necessária abertura para a emergência de coisas novas e inesperadas.

Havíamos pensado em realizar uma sequencia de atividades para ao final trabalhar sobre os problemas de pesquisa que cada subgrupo estava elaborando. Porém, durante a execução da dinâmica em sala, foram aparecendo outros elementos muito relevantes, trazidos pelos estudantes.

Diante das intervenções resolvemos mudar os rumos da atividade que havíamos planejado, para melhor acolher o que estava emergindo. Essa disposição para seguir um novo caminho no dia só foi possível porque estávamos abertos à experiência e ao percurso proposto pela convidada. Confiamos e seguimos na travessia arriscada do inesperado.

A partir da discussão em sala, identificamos alguns problemas comuns e elaboramos 4 novas perguntas relativas à reorganização do curso. A partir daí, fizemos uma nova rodada de discussão em pequenos grupos sobre cada uma dos problemas pra elaborar alternativas e sugestões.

Concluímos o dia com uma longa documentação sobre como o curso e as discussões sobre o Comum estavam afetando as pessoas, as percepções e suas reflexões; listamos as dúvidas e problemas encontrados; as dificuldades para fazer avançar algumas das tarefas propostas pelo curso; descrevemos os problemas e finalmente as sugestões que foram coletivamente elaboradas pelos estudantes.

Finalizamos o dia com a missão de analisar o material produzido em casa e trazer para a próxima aula uma sistematização com algumas propostas de reorganização dos trabalhos, para discutir novamente com a turma em sala e construir um novo caminho para o curso.

Aula 7 – 17-04 – Pesquisa situada, vulnerabilidade e precariedade

LARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação, n°19, 2002. Disponível em: http://www.redalyc.org:9081/home.oa?cid=93572 ou : http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n19/n19a02.pd

  • Oficina de Projeto e Documentação com Ana Letícia Silva.
  • Avaliação coletiva da disciplina